quarta-feira, 25 de junho de 2008

... em vão ...


Fecho os olhos… A boca … Respiro fundo … fundo …até ao fundo … Fecho as mãos lentamente … Descontraio os pés e o corpo.
Fecho o pensamento.
Os sons exteriores já não os oiço, nem um pingo de chuva, nem o barulho dos carros a passar, as vozes … há muito que se apagaram … Neste instante perdi o conceito de dimensão, já não me consigo definir … sou aquilo que eu quiser …
Por enquanto, sinto que sigo, porque vejo a costa a passar por mim... Por enquanto, sinto que me movo, pois vejo o rasto branco que deixo no mar... Por enquanto, sinto que vou … sem uma vaguíssima noção de para onde, mas o que sei mesmo, como algo sabiamente certo, é que estou a bordo de um navio!

O chão onde piso agora parece ainda movediço, tamanha foi a minha adaptação a seu balanço. Já não “vomito”. E isto não é somente uma adaptação ao ir e vir das ondas. Apesar da náusea, respiro fundo, engulo o engulho, porque eu quero ser esperta, forte, experiente, quero ser isto tudo, ainda que seja esta deformação de ser, ainda que me deixe enganar …

Sinto-me … sem um sentir material … sou essência pura … Desejava eu, ficar eternamente … ausente… mas não posso … embora queira não me perder tal qual sou.

quinta-feira, 19 de junho de 2008