quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mais um Desabafo e hoje enviado para a Comunicação Social Nacional e Regional


Há cerca de um ano e meio que eu e o meu marido, cidadão Grego, decidimos investir na cidade de Aveiro, com a abertura de um Lounge Bar denominado EL GRECCO Petropoulos, Lda. localizado na Rua Tenente Resende em Aveiro.


Este Bar, com orgulho afirmo, é um dos melhores do Distrito. Temos lutado imenso, acima de tudo para nos mantermos fiéis à estratégia que definimos para o EL GRECCO.
Deverei dizer, que muito possivelmente a escolha da localização do EL GRECCO foi um erro de casting, mas quando se investe cerca de 200.000€ num espaço, não nos podemos dar ao luxo de desistir facilmente.


Certamente que os caros leitores conhecem o ambiente da Praça do Peixe e consequentemente das ruas que lhe são próximas; certamente não serei a única que faz comentários sobre os acontecimentos daquela zona mas, na realidade e com o devido respeito que todos me merecem, convidava-os a visitar aquela zona, principalmente nas noites de Quinta e Sextas feiras.


Se não conseguirem agenda e se me dão essa permissão, irei procurar relatar o ambiente de quintas e sextas-feiras, que rotularei de Deprimente, sendo este adjectivo o mais educado que consigo empregar, apresentando desde já o meu pedido de desculpa se a linguagem que porventura servir de base para o relato não for a mais conveniente.


Já tive 20 anos, participei nas actividades académicas da Universidade de Coimbra, fiz noitadas, “directas” bem divertidas, mas na realidade nunca na minha vida assisti a um panorama tão deprimente e revoltante como o que venho assistindo há cerca de um ano na “famosa” Praça do Peixe e Rua Tenente Resende.


Pelas 22h00 começa o “espectáculo”, a Praça do Peixe transforma-se numa vulgar Passerelle cujos modelos são encarnados por jovens na faixa etária dos 17-20 anos. Estes jovens, salvo raras excepções, optam por uma indumentária “rasca” sempre acompanhados por um acessório digno de uma ralé rasca – garrafão plástico de vinho ou cerveja Rasca…


Após o desfile imparável desta estirpe, grande parte dos jovens iniciam um ritual “regurgitante” e contorcionista, já que toda a parte gástrica e hepática começa, por esta altura, a mostrar sinal vermelho aos respectivos portadores.


Neste contexto, aqueles jovens deitados no chão ou encostados a paredes dão início às, por mim rotuladas, manobras regurgitantes e todo aquela zona vira latrina pública de urina e álcool já fermentado.


Os pénis são mais do que muitos, já que o pudor para esta “classe” ou nunca existiu ou dilui-se nos vários litros de cerveja bebida. Quanto às paredes de todo e qualquer edifício servem de recolha urinária. Quanto a rixas nem se fala, mais que muitas. Policias?! esses nem vê-los.


Praça do Peixe e Zonas contíguas transformam-se em “gueto” de libertinagem e anarquia de Aveiro.


Faz tempo que não ouvia falar de “geração rasca” e devo confessar que não sentia saudades, nem falta, nem ao menos nostalgia do conceito e da bugiganga analítica que, por largo curso, lhe andou associada. Mas, hoje mesmo encarrego-me eu própria, de recuperar este conceito.


Se bem ou mal me lembro, o conceito foi desenhado para retratar o movimento de contestação à então Ministra da Educação, refiro-me à Drª Manuela Ferreira Leite.


Este conceito – RASCA - aludia à deriva mais ou menos obscena ou grotesca que então infestou protestos e manifestações de alunos contra a introdução de propinas, de exames e de outros. A palavra então cunhada de – Rasca – era forte, porventura, forte de mais, e, rapidamente, extravasou as fronteiras da sua estrita ocasião de nascimento.


Inicialmente, serviu para evocar a soltura ou libertinagem de certos gestos e a recusa obstinada de um princípio de responsabilidade ou de “auto-responsabilidade” de adolescentes e jovens adultos. A geração rasca, já não era apenas a geração que se manifestava por se manifestar. Já não era a negação corporativa de mais exigência e mais responsabilidade, era sim o retrato de uma estirpe de incivilidade, de uma linhagem apologista de facilitismo e de ignorância, de uma prole de analfabetismo funcional e de indigência cultural. Esta geração rasca não era apenas o lamentável produto de um sistema, mas sim uma das responsáveis do estado do sistema.


O problema actual, mais concretamente do ambiente nas duas noites atrás invocadas na Praça do Peixe e limítrofes, é bem mais grave, é bem mais RASCA… mas, cada dia que passa, sem que se tome uma decisão para se pôr fim àquela libertinagem RASCA, ficamos cada vez mais distante do grande desígnio de um País - Formar uma Classe de Conhecimento, de Responsabilidades, de Respeito, enfim de HOMENS e MULHERES de amanhã.


Porque julgamos que nós EL GRECCO, ajudamos a dignificar o Município de Aveiro, e porque se torna impraticável e pouco digno, alguém se deslocar à Rua Tenente Resende, com o intuito de passar alguns momentos agradáveis, precisamente pelo ambiente instalado naquela zona, digam-me, o que poderemos fazer para podermos continuar com o mesmo firme propósito de há um ano atrás – garantir a melhor das hospitalidades, qualidade de serviço e segurança na nossa Casa?!


Quem se atreve a deslocar naquelas noites a um espaço de lazer, por maior qualidade que tenha, se tivesse que caminhar por entre uma multidão alcoolizada, arriscando-se a presenciar uma cena de pugilato ou mesmo arriscando-se a sair com algumas nódoas negras?!


Que deprimente, que vergonha … que futuro para Aveiro?

Sem comentários: