quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Notícias, Notícias e mais Notícias



Quem hoje abre os jornais e revistas económicas, quem vê os noticiários da televisão, não pode deixar de ficar compreensivelmente deprimido e desanimado. Todos dizem que as coisas estão más e não se prevê que melhorem no horizonte próximo. Mas o empresário, de quem depende essa realidade económica, não se pode dar ao luxo de pensar assim. A sua função é demasiado importante para se perder em palpites ou atoardas. Os gestores que vão sobreviver à crise serão precisamente aqueles que se esforcem por tornar inválidas essas afirmações.


Desde Ontem, uma das grandes notícias é a "Fusão" progressiva da AEP e AIP. Disseram os altos representantes daquelas duas estruturas que se dizem associativas: "A actual situação económica nacional e internacional torna inadiável a criação de uma estrutura associativa empresarial de cúpula em Portugal". Como se ao pagarmos as quotas tivéssemos alguns benefícios ou alguma defesa de classe!!!!


A imprensa económica portuguesa melhorou muito nas últimas décadas, tendo estudos sérios, informados e relevantes. Mas continua influenciada por dois elementos inevitáveis. O primeiro é a natural predominância das condições globais, seja de Portugal, da Europa ou do mundo. Esse quadro, por muito influente que seja, está longe de ser determinante no comportamento particular de sectores e empresas individuais. No fundo, as condições globais são uma abstracção, construída sobre milhões de situações, onde imperam as circunstâncias concretas do negócio.

Cada caso é um caso e é à sua realidade específica que o gestor deve dar atenção.

O segundo elemento é a tradicional tendência dos intelectuais portugueses para o desespero e a consternação. Desde há séculos que nós gostamos de nos humilhar e apoucar.

Toda a gente sabe que "este país" é trapalhão, preguiçoso e atrasado, que a economia "voa baixinho", e a sociedade "tem medo de existir", que a classe política é aldrabona e a económica parola. Nesta eterna ladainha, por muita razão que tenha, não há qualquer utilidade real.


Acima de tudo, as colunas de opinião nunca dizem aos empresários aquelas verdades que lhes seriam mais vantajosas. Por exemplo, nunca afirmam que o futuro não está pré-determinado, que não existem fatalidades e que as previsões depressivas enganam-se com muita frequência. O ciclo económico não tem regras, tem caprichos. Nada do que se antecipa está garantido.

Também nunca se ouve dizer que as recessões são normais. Não se trata de desgraças, como uma doença, mas de fases, como o Inverno.

Os nossos intelectuais nunca dizem que nos mercados não existem dificuldades, mas oportunidades de negócio. Oportunidades que a empresa aproveita, ou oportunidades que lhe passam ao lado e que outras vão aproveitar, ganhando dinheiro solucionando o problema. O actual chorrilho de notícias e previsões é uma excelente ocasião para quem souber usar dela.


Tudo isto costuma passar ao lado das nossas colunas de opinião. Aliás, os comentadores e intelectuais, a que os empresários gostam de dar tanta atenção, têm habitualmente o maior desprezo pela nossa classe económica, que consideram tonta, boçal ou criminosa. É mesmo surpreendente que os analistas tratem assim os seus clientes e continuem a manter neles tanta credibilidade.


Os empresários portugueses deveriam, pois, ser obrigados a fechar as revistas e a abrir a correspondência, a largar a especulação e a ligar-se à realidade. Pode ser que o seu correio lhes apresente uma visão igualmente negra. Mas isso, ao menos, tem a vantagem de ser real e relevante. Aí está o único verdadeiro problema que Portugal tem. Cada empresa, enfrentando com coragem e prudência as circunstâncias difíceis em que se encontra, gerará a única solução possível para a crise que nos assola.


Por tudo isto, há necessidade de sair e refrescar um pouco a cabeça, por tudo isto é que contamos consigo este fim de semana. No EL GRECCO não se faz futurologia, não se predestina o futuro económico, não se fala de recessão, dá-se sim oportunidade de passar bons momentos, rodeados de carinho e amizade.


Esperamos por si.






Em particular para o nosso amigo Paulo Marinheiro, aqui fica um registo












E mais ... confira aqui as consequências da atitude de Maitê Proença :)


1 comentário:

Paulo Marinheiro disse...

FANTASTICO!!!!obrigado pelo registo.voces estao no meu coração